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Rua Francisco França, Bom Jardim 

Jardim de fortes mulheres

O Bom Jardim é o local de Fortaleza que acolheu Zélia Inácio Tabosa. Nascida em Caucaia, dona Zélia veio muito cedo para a Capital, onde firmou base e levou adiante o trabalho como costureira. Ela mora na Comunidade Parque Santo Amaro há mais de 70 anos e atua na região desde 1998.

 

Hoje, Zélia é vice-presidente do Conselho Gestor da Zeis do Bom Jardim. Ela explica que o terreno ocupado era privado e foi comprado pelo governo do Estado na época em que Ciro Gomes era o chefe do executivo estadual. 

"Esse terreno aqui foi pago por ele (Ciro Gomes). Só que ele pagou, mas não distribuiu documentos. Ficou só um documento só pro governo [...] Nós estamos na terra do Governo, né? E ele ainda não fez a distribuição. Depois, a gente lutou muito pela Zeis Bom Jardim. E a gente ganhou. O prefeito [Roberto Cláudio] assinou, mas ainda não veio fazer a história da regularização fundiária"

A costureira afirma que a Zeis do Bom Jardim, assim como as outras dez Zeis prioritárias, já possui o Plano Integrado de Regularização Fundiária. Os PIRFs são os produtos finais do processo participativo da comunidade que indica as ações prioritárias na região. 

 

Eles foram elaborados a partir dos conselhos gestores das comunidades, junto com as principais universidades do Estado, como a Universidade Federal do Ceará.

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Nele estão o diagnóstico da realidade local, o plano de urbanização, de regularização fundiária e de participação comunitária.

 

"Foi feito tudo isso, todo esse trabalho, na área da economia, na área da educação, na área do trabalho. Cada coisa dessa foi feito aquele trabalho de reunir o povo. O povo é que dizia como é que queria, como ia fazer.  Foi tudo pro papel. Colocaram tudinho. O prefeito pagou, a Uece fez o trabalho dela e pronto. Agora, está meio parado", explica.

Em movimento

Próximo à Zélia, vive Raelly Pereira na comunidade de Nova Canudos. Ela nasceu em Palmácia e mora no Bom Jardim há 11 dos seus 35 anos de vida.

 

Hoje, atua no Centro de Cidadania e Valorização Humana, o carinhoso ‘Centrinho’, e é agente criativa do Centro Cultural do Bom Jardim (CCBJ).

 

Mesmo jovem, a experiência pessoal e dentro da luta comunitária trouxeram à Raelly o conhecimento real sobre o direito à moradia.

"A gente vive em uma situação financeira muito difícil, onde as pessoas na sua grande maioria não têm emprego e nem emprego de carteira assinada e elas precisam de um lugar para morar, nem que seja em uma casa de papelão, em um terreno invadido, ela vai ter que ter um teto"

No ano de 2020, com o surgimento da pandemia do novo coronavírus e a necessidade de isolamento social, a comunidade passou por diversas dificuldades.

 

A possibilidade de fazer o distanciamento social e permanecer dentro de casa eram mínimas, dadas as condições de vida na periferia. 

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“São casas pequenas onde na sua maioria tem muita criança, falta o espaço para o lazer, falta espaço até mesmo para você respirar, como agora no período que a gente viveu de pandemia, de isolamento social isso dentro da periferia algo quase impossível de acontecer. Como você isola uma família de cinco, seis pessoas em um vão?

Entendendo que a comunidade não poderia ficar parada, os agentes comunitários e as organizações da sociedade civil contribuíram para tentar diminuir a circulação do vírus no Grande Bom Jardim.

 

Raelly conta que houve doações de cestas básicas, distribuição de máscaras, produtos de limpeza e álcool em gel, e instalação de pias comunitárias nas ruas. 

 

A pandemia de Covid-19 acabou minando os planos de avanço das Zeis no Bom Jardim. Hoje, o sentimento é que tudo isso passe logo e que, com a vida normal, a luta pelas comunidades periféricas continue.

“Eu acho que a prioridade hoje é salvar vidas. Então enquanto a gente ainda estiver nesse processo de vacinação, de busca de cura do covid, as outras coisas, não que elas vão ficar em segundo plano, mas que a cura hoje, a vacina hoje é prioridade

O bairro de nome bucólico

As origens do bairro Bom Jardim estão ligadas ao conhecido empresário cearense João Gentil. O criador do bairro Gentilândia iniciou um empreendimento imobiliário onde hoje existe o Bom Jardim entre os anos de 1961 e 1962.

 

O empresário loteou a grande área e, com a expansão da cidade, ofertou os terrenos a preços baixos. Assim diversas famílias chegaram na região para residir. 

Hoje, o Bom Jardim corresponde à área de 2,53 km² localizada na regional 5. São mais de 37 mil moradores que vivem no bairro. Junto com outros quatro bairros - Granja Portugal, Granja Lisboa, Canindezinho e Siqueira - compõe a região do Grande Bom Jardim

A Zona Especial de Interesse Social Bom Jardim abriga cerca de 15 assentamentos precários, dentre eles a comunidade Parque Santo Amaro, Pantanal, Marrocos e Nova Canudos.

 

Esta é a segunda maior Zeis de Fortaleza, que abrange parte do bairro Bom Jardim e do Siqueira. Ao todo, são cerca de 24.196 habitantes, segundo o Plano Local de Habitação de Interesse Social (PHLIS) de 2012.

É um bairro estigmatizado pela violência, devido aos altos números de crimes na região e à marginalização. O censo de 2010 feito pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE) aponta que a região se caracteriza com baixa renda média e abriga 15% da população de Fortaleza que vive na extrema pobreza.

Diante das tantas adversidades e rótulos negativos, o Bom Jardim se organiza e adota estratégias comunitárias para driblar as duras realidades. Dezenas de associações e organizações da sociedade civil atuam na região promovendo atividades culturais, artísticas e educativas.

 

O principal órgão é o Centro Cultural do Bom Jardim. Criado em 2006, o CCBJ promove arte e cultura na região. 

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